Como as viagens moldam minha visão de gestão, inovação e futuro
Viajar, para mim, é um ato de escuta, de observação e aprendizados. É quando parcialmente a rotina abre espaço para observar mais atentamente o mundo e todos seus detalhes, contrastes, historias, e sabedorias. É nessa escuta atenta que encontro muitas ideias, referências e conexões que transformam minha forma de pensar os negócios e estratégias.
Há quem associe viagens apenas ao lazer, à desconexão. Mas para mim, é estar em movimento, paradoxalmente, o momento em que mais me conecto comigo mesmo, com as pessoas, com os mercados, com os insights, com o tempo. Ao cruzar fronteiras, descubro mais do que culturas: descubro camadas de humanidade, padrões de comportamento, variáveis culturais, econômicas, que ajudam a decifrar tendências e antecipar movimentos.

Liderar uma empresa centenária é um desafio que exige mais do que técnica: requer repertório, visão de longo prazo e uma dose considerável de conhecimento e visão estratégica. E é justamente na interseção entre o novo e o ancestral, entre o diferente e o familiar, que encontro combustível para pensar melhor, decidir com mais clareza e inovar com mais profundidade.
Novas leituras estão sempre comigo especialmente durante os voos, nos fins de tarde de hotel, ou em paradas para degustar alguns dos nossos chás. A leitura em trânsito tem outro ritmo.
Não é apenas absorver conhecimento, é refletir sobre ele em tempo real, aplicá-lo à luz do que estou observando. Essa é uma das formas mais potentes de aprender.
E há ainda um tipo de viagem que é tao visceral quanto: sobre duas rodas. O vento no rosto, o som da estrada, a ausência de filtros. Rodar de moto, para mim, é meditação em movimento, é Ócio criativo movido a combustão. É quando o pensamento flui, os insights emergem e os sentidos ficam aguçados. Cada curva se torna metáfora de gestão: prever o que vem à frente, ajustar a velocidade, manter o equilíbrio e seguir, mesmo sem garantias.

Minha trajetória como executivo não se descola dessa essência viajante. Muito do que construí em termos de cultura, estratégia e visão de negócio foi inspirado pelo que vi e vivi ao redor do mundo. São mais de 70 países visitados — e em cada um deles, um aprendizado diferente, uma provocação nova, uma história que inspira.
Abaixo, compartilho algumas dessas experiências que, de forma especial, ampliaram meu olhar e fortaleceram minha forma de olhar a vida — e os negócios:
Egito
Em meio ao caos organizado do Cairo, as três grandes pirâmides se erguem como testemunhas da eternidade. Visitar Abu Simbel, Luxor, o Vale dos Reis, o templo de Hatshepsut, Karnak… é sentir o peso da história e perceber como civilizações grandiosas deixaram marcas que ultrapassam milênios. Tudo ali fala sobre legado, simbolismo e propósito — valores que ressoam fortemente em qualquer liderança com visão de longo prazo.
Romênia e Leste Europeu

A mina de sal de Slănic é um monumento subterrâneo que impressiona pelo silêncio e pela escala. Mais do que um ponto turístico, ela representa resiliência e engenharia humana. Já no Báltico — Estônia, Letônia, Lituânia — o que me chamou atenção foi a capacidade de reinvenção desses povos após períodos históricos tão desafiadores. Tallinn, por exemplo, combina digitalização avançada com raízes culturais profundas. E sim, experimentei carne de urso — um símbolo da conexão radical com o território.
Islândia no inverno
A Ring Road coberta de neve é uma jornada quase lunar. O país em si é um laboratório natural. O mergulho entre as placas tectônicas em Silfra me ensinou, literalmente, o que é estar entre dois mundos e o nosso tamanho frente a tudo isso, entre a estabilidade e o movimento. Entre o que já conhecemos e o que está por vir. Em tempos de mudança, essa experiência me serve como uma importante referência.

Noruega
Há algo de hipnótico em cruzar túneis submersos e emergir em meio a fiordes silenciosos. É como atravessar camadas da Terra e, ao mesmo tempo, camadas internas de percepção. As auroras boreais ensinam sobre paciência, timing e magia. Três coisas que, acredite, também fazem parte do mundo corporativo.

Bélgica
Nos mosteiros trapistas, entre paredes silenciosas e cervejas elaboradas artesanalmente, compreendi o poder da tradição bem cuidada. A excelência ali não é imposta, é cultivada. Como toda cultura organizacional que perdura com solidez.
Hoje, compartilho trechos dessas jornadas no meu Instagram (@marcelocorrea.p), porque acredito que viajar é um ato de expansão e inspiração — e um líder precisa estar em expansão constante.
Afinal, por que um executivo viaja?
Para observar e escutar o mundo. E, a cada retorno, conduzir com mais profundidade, mais repertório e muito mais ideais para transformar.











